terça-feira, 26 de abril de 2016

A corrida de sapinhos - Monteiro Lobato


Era uma vez uma corrida de sapinhos.

Eles tinham que subir uma grande ladeira e, do lado havia uma grande multidão, muita gente que vibrava com eles.

Começou a competição.

A multidão dizia:

– Não vão conseguir! Não vão conseguir!

Os sapinhos iam desistindo um a um, menos um deles que continuava subindo. E a multidão a aclamar:

– Não vão conseguir! Não vão conseguir!

E os sapinhos iam desistindo, menos um, que subia tranquilo, sem esforço.

No final da competição, todos os sapinhos desistiram, menos aquele.

Todos queriam saber o que aconteceu, e quando foram perguntar ao sapinho como ele conseguiu chegar até o fim, descobriram que ele era SURDO!

Moral:

Quando queremos fazer alguma coisa que precise de coragem não devemos escutar as pessoas que falam que você não vai conseguir. Seja surdo aos apelos negativos.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

O gato vaidoso - Monteiro Lobato

Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pêlo mas desiguais na sorte. Um, amimado pela dona, dormia em almofadões. Outro, no borralho. Um passava a leite e comia em colo. O outro, por feliz, se dava com as espinhas de peixe do lixo.
Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:
– Passa ao largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa ao largo…
– Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te de que somos irmãos, criados no mesmo ninho.
– Sou nobre. Sou mais que tu!
– Em quê? Não mias como eu?
– Mio.
– Não tens rabo como eu?
– Tenho.
– Não caças ratos como eu?
– Caço.
– Não comes rato como eu?
– Como.
– Logo, não passas dum simples gato igual a mim. Abaixa, pois a crista desse orgulho e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens – o que tens é apenas um bocado mais de sorte…

Burrice - Monteiro Lobato

Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com carga de esponjas .
Dizia o primeiro :
-Caminhemos com cuidado, pois a estrada é perigosa.
O outro retorquiu:
-Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.
-Nem sempre é assim . Onde passa um pode não passar outro.
-Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem .
-Nem sempre é assim ...-continuou a filosofar o primeiro.
Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera .
-E agora ?
-agora e passar a vau .
O burro do açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga ia se dissolvendo ao contato com água logo passou
O burro da esponja fiel ás suas ideias ,pensou consigo:
-Se ele passou, passarei também e lançou-se ao rio mas sua carga em vez de ser esvaziar-se cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo do rio
Moral da historia :não imite os outros ...

A cigarra e as formigas - Monteiro Lobato

Havia uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu --- tique, tique, tique... aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? Perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
A pobre cigarra toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse:
- Eu cantava, bem sabe...
- Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
Isso mesmo, era eu...
- Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraia e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
A formiga má
Já houve, entretanto, uma formiga má que não sobe compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta.
Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com o seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro, e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse.
Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou --- emprestado, notem! --- uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse.
Mas a formiga era uma usurária, sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio da cigarra por vê-la querida de todos os seres.
- Que fazia você durante o bom tempo?
- Eu... eu cantava! ...
- Cantava? Pois dance agora, vagabunda! E fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela?
Os artistas – poetas, pintores, músicos – são as cigarras da humanidade.

5 fatos curiosos sobre Monteiro Lobato

Coisas interessantes que provavelmente você não sabia:

1- Monteiro Lobato sempre afirmou que seu ano de nascimento era 1884, mas, na verdade, o escritor nasceu em 1882.

2- Era aluno mediano na escola. Chegou a ser reprovado na disciplina de português, mas, na universidade - onde formou-se em Direito - se mostrou um aluno brilhante.

3- No final de 1917, Lobato aceitou o ofício de escritor-jornalista e fez histórias nas publicações O Estado de S.Paulo e Revista do Brasil, da qual passou a ser dono em 1918. 

4-  Os livros de Lobato fizeram muito sucesso em países como Uruguai e Argentina, para onde o escritor se mudou em 1946.

5- Permaneceu preso durante três meses na época do Estado Novo, período ditatorial do presidente Getúlio Vargas.

Livros infantis mais conhecidos

escrito em 1930

escrito em 1936
escrito em 1921
escrito em 1931
Biografia e obras


Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô.  Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor.

Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis. 


Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos. 

Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho. 

Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras. 

Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.  

No ano de 1948, o Brasil perdeu este grande talento que tanto contribuiu com o desenvolvimento de nossa literatura.

fonte:http://www.suapesquisa.com/biografias/monteirolobato/